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quinta-feira, 28 de julho de 2011

A arte na matemática


As pontes que existem entre a Matemática e a Arte são “mais do que muitas” e vão estar em evidência na conferência científica internacional BRIDGES, cuja XIV edição se realiza de 27 a 31 de Julho no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra (UC).
Este é “um cruzamento perfeitamente natural”, de acordo com Penousal Machado, membro da organização que declarou ao “Ciência Hoje” não ser “necessário um esforço adicional” para se entender esta ligação que “não tem sido valorizada”.
O investigador da UC exemplificou o carácter estrutural e integrador desta ciência com o caso da música –“uma sequência com estrutura, ritmo e contraste que podem ser vistos de um ângulo matemático”- ou da calçada e dos azulejos portugueses, cuja simetria e repetição podem ter também uma visão matemática.
Para além das “palestras típicas” das conferências científicas, este membro da organização deu “especial destaque” às actividades abertas e “pensadas para o público em geral”, como a “Exposição de Arte Matemática” – onde vão estar patentes 170 trabalhos -; o Dia da Família , que se realiza no sábado com actividades para crianças e adultos em torno desta ciência; workshops que vão permitir “aprender novos métodos para provocar o fascínio e o espanto pela matemática dentro da sala de aula”; e um concerto no Teatro Académico Gil Vicente, que vai apresentar obras musicais “com inspiração matemática”.
Troca de experiências e ideias
Relativamente às palestras, também vão fazer jus a esta “ponte”, pelo que o conjunto de oradores vai ser composto por matemáticos (com destaque para William Thurston, vencedor da medalha Fields, usualmente denominada por Nobel da Matemática; e Paulus Gerdes, etno-matemático que estuda as propriedades matemáticas da arte tradicional africana), músicos, artistas plásticos, escritores, informáticos, bailarinos, arquitectos, entre outros.
O investigador da UC acredita que ao longo destes dias se vai viver “sob uma atmosfera de enorme abertura intelectual, numa intensa troca de experiências e ideias” que vão permitir “desmistificar os preconceitos que possam existir de que a matemática e arte dificilmente se cruzam”.
Vão estar presentes duas centenas de pessoas com todos os tipos de formação e de todas as partes do mundo. Dos conferencistas, 80 por cento são estrangeiros, de países como Austrália, Japão, Canadá, Estados Unidos ou Irão. “Há aqui, realmente, uma dimensão global”, destacou Penousal Machado, sublinhando que “muitas das apresentações vão ser acessíveis até para o público leigo em matemática”.
O investigador destacou ainda que, ao longo dos tempos, esta conferência tem mostrado a matemática de forma diferente. “As pessoas ficam a perceber que esta ciência não é chata, aborrecida ou abstracta, mas que tem aplicação no dia-a-dia e na arte”, concluiu.

Dupla de portugueses distinguida por estudos sobre fertilidade


Os investigadores do Porto Henrique Almeida e João Luís Silva Carvalho tornaram-se hoje os primeiros portugueses a receberem o galardão “Grant For Fertility Innovation”, que distingue com um milhão de euros projectos inovadores sobre medicina da reprodução.
Henrique Almeida e João Luís Silva Carvalho são investigadores da Faculdade de Medicina do Porto e do Centro de Estudos e Tratamento da Infertilidade (CETI) e foram distinguidos por um projecto que desvenda novos mecanismos para aumentar taxas de reprodução em casais inférteis.
“Ter recebido este prémio é motivo de orgulho para nós e de prestígio para a Faculdade de Medicina do Porto, o CETI e o país. É uma distinção excepcional”, referiu  João Luís Silva Carvalho, um dos galardoados.
A bolsa de um milhão de euros associada “vai-nos permitir ter os recursos necessários para continuar a desenvolver um projecto de investigação em que estamos muito empenhados e que, no futuro, pode trazer grandes benefícios para o tratamento de muitos casais inférteis”, acrescentou.
O trabalho dos dois investigadores ajuda a melhorar a qualidade dos ovócitos (células reprodutoras femininas) e, assim, conseguir distinguir aquelas que pode dar origem a embriões de boa qualidade, ou seja, que proporcionem gravidezes.
Actualmente, os ovócitos são seleccionados unicamente segundo critérios morfológicos (que não têm em conta a capacidade funcional destas células), facto que tem contribuído para as insatisfatórias taxas de êxito dos tratamentos de fertilidade.
A qualidade do ovócito é determinante para as taxas de sucesso dos tratamentos da infertilidade. Contudo, estas permanecem insatisfatórias, situando-se, a média europeia, nos 30 por cento de gravidez e 20 por cento de parto.
O Grant For Fertility Innovation (GFI) da Merck Serono foi lançado na 25.ª Reunião Anual da ESHRE, em Junho de 2009 com o objectivo de promover o avanço da ciência e investigação médica no campo da fertilidade.

Detectar fogos em tempo real


Um sistema de detecção de incêndios em tempo real, baseado em redes de sensores sem fios associadas a outras tecnologias de comunicação e gestão da informação, foi criado, em Coimbra, por uma parceria liderada pela empresa MediaPrimer.
Caracterizado como “um sistema inovador de detecção de incêndios em tempo real”, o “FireTrack” baseia-se em redes de sensores sem fios, comunicações por GSM (SMS) com os clientes e por TCP/IP com o servidor central e num sistema de gestão de toda a informação - segundo a empresa com sede em Coimbra.
“Ao detectar condições potenciais de incêndio, ou uma ignição, o ‘FireTrack’ comunica imediatamente a situação aos clientes do sistema, que poderão ser as autoridades competentes, o que vai permitir uma resposta mais rápida e, consequentemente, mais eficiente”, adiantou José Carlos Teixeira, CEO da MediaPrimer - Tecnologias e Sistemas Multimédia, que disse hoje à agência Lusa que os sensores consistem em “pequenas cápsulas de forma cilíndrica que se metem na terra”.
O sistema de detecção e/ou acompanhamento da evolução de fogos florestais prevê, nomeadamente, que os sensores entrem em alerta quando a temperatura é superior a 45 graus e que seja dado um sinal indicando a existência de fogo, capaz de activar os ‘sprinklers’ (aspersores de água), explicou.
De acordo com o professor catedrático da Universidade de Coimbra, o sistema é pensado para zonas de floresta, podendo ser usado em áreas em que é preciso fazer um perímetro de protecção, mas também em zonas habitacionais, confinantes com floresta, em que seja preciso proteger determinados bens.
Já testado em ensaios laboratoriais e no terreno, o "FireTrack" teve “resultados muito positivos e satisfatórios”, pelo que a solução entrará na fase de comercialização depois do Verão, referiu José Carlos Teixeira.
Financiada pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) com 400 mil euros, a solução foi desenvolvida no âmbito de uma parceria em que coube à MediaPrimer, “para além de todas as funções inerentes à função de promotor líder do projecto, o desenvolvimento do sistema central de gestão geo-referenciada da rede de sensores e de toda a informação do sistema”.
À empresa ISA - Intelligent Sensing Anywhere coube o desenvolvimento da rede de sensores sem fios que monitoriza continuamente a temperatura do ar, ao Instituto Pedro Nunes o desenvolvimento da infra-estrutura tecnológica de ligação da rede de sensores ao sistema de gestão central e à Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial o suporte científico na área dos incêndios florestais e realização de testes no terreno.
O sistema “promete ser uma preciosa ajuda contra o flagelo das chamas. Para além de permitir uma maior eficiência na detecção e nas operações de combate aos fogos, ao fornecer informação em tempo real, o ‘FireTrack - Fire Detection and Monitoring’ reduz os riscos de perdas humanas e materiais ao possibilitar uma reação imediata das equipas, evitando-se assim a propagação descontrolada do fogo”.

Viajar no tempo

Um artigo publicado na revista científica “Physical Review Letters” diz ter “terminado com o debate” acerca da possibilidade de se viajar no tempo. Segundo este trabalho realizado por um grupo de físicos da Hong Kong University of Science and Technology (HKUST) liderados por Shengwang Du, nada pode viajar mais rápido do que a velocidade máxima da luz, o que inviabiliza a hipótese de se viajar no tempo através de mecanismos que superassem este recorde de 300 mil quilómetros por segundo, no vácuo.
Esta suposição começou a ser suscitada há dez anos, quando investigadores descobriram a propagação superluminal (mais rápida que a luz) de pulsos ópticos em alguns meios específicos. No entanto, veio a saber-se que esta detecção era falsa e tratava-se apenas de um efeito visual. Mesmo assim, havia ainda a esperança de que um único fotão pudesse ultrapassar essa velocidade máxima da luz.
Contudo, o grupo de Shengwang Du, foi capaz de separar um único fotão e, com a ajuda de lasers, fazer uma medição inédita da velocidade máxima dessa partícula no vácuo. Demonstrou então que a unidade básica da luz “também obedece ao limite de velocidade como as ondas electromagnéticas” e não consegue viajar mais rápido do que a luz no vácuo, respeitando assim a teoria da Relatividade de Einstein.
“Ao provar que os fotões não podem viajar mais rápido do que a velocidade da luz, os nossos resultados encerram o debate sobre a verdadeira velocidade de informação transportada por um único fotão”, disse o investigador.
Esta experiência não reitera apenas a teoria elaborada por Einstein, como, segundo os investigadores “encerra as esperanças de algum tipo de viagem do tempo baseada na superação dessa velocidade”.
Vítor Cardoso acredita que estudo não demonstra impossibilidade de viagens no tempo
Vítor Cardoso, investigador do Centro Multidisciplinar de Astrofísica (CENTRA) do Instituto Superior Técnico (IST) comentou o assunto, dizendo ao “Ciência Hoje” que ainda acredita na possibilidade de se viajar no tempo, apesar das conclusões reveladas pelo estudo de Shengwang Du.
 “Penso que deve haver uma lei ainda desconhecida que proíba tal de acontecer. Eu noto que nada, nas equações de Einstein impede viagens no tempo”, considerou, acrescentando que “é possível mostrar que para construir estas máquina necessitamos de matéria muito exótica, pelo que até agora ninguém conseguiu demonstrar essa possibilidade”.
Na opinião deste físico, o artigo publicado na “Physical Review Letters” não termina de vez com a hipótese de se viajar no tempo. “Penso que está longe de demonstrar essa impossibilidade”, disse, embora acredite que este novo trabalho seja “um passo importante para a confirmação de que, em relatividade restrita, realmente nada se propaga mais rápido que a luz”. 
Mais acrescentou: “Este último estudo é um passo numa direcção, mas existem ainda muitas questões em aberto noutras áreas, em especial em Relatividade Geral”, na qual há “aspectos que não foram excluídos por este estudo”. Vítor Cardoso afirmou ainda que existem investigadores portugueses a trabalhar nesta área da Física,, como “José Natário,  do Departamento de Matemática no IST, ou Carlos Herdeiro,  da Universidade de Aveiro”. 

Tecnologia inovadora da UTAD permite pedir ajuda em segundos


Enviar um pedido de socorro por telemóvel para uma central de emergência pode tornar-se mais fácil e mais rápido graças ao projecto “SOS Phone”, desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Esta tecnologia inovadora, cuja apresentação pública foi no dia 2 de Julho no centro comercial Dolce Vita Douro, em Vila Real, consiste numa aplicação para smartphones que permite usar serviços de emergência sem recurso à voz e sem necessitar de realizar uma chamada telefónica.
De acordo com Benjamim Fonseca, professor do Departamento de Engenharias da UTAD que , em conjunto com o investigador Hugo Paredes e as alunas de Engenharia Biomédica Miriam Cabo e Tânia Pereira,  desenvolveu este software, a descrição de diversas ocorrências de emergência é muito simplificada com esta alternativa.
“O utilizador tem apenas que seleccionar com o dedo no ecrã táctil as várias opções relativas à situação que pretende descrever. Depois é gerada um SMS em código alfanumérico - mas que a aplicação torna legível para o utilizador – e enviada para a central de emergência, onde um software simples descodifica a mensagem e põe-na em linguagem corrente, para que o operador tenha logo acesso à situação reportada”, explicou ao «Ciência Hoje».
Trata-se de uma aplicação que possibilita um relato muito rápido do ocorrido e que evita, assim o longo questionário que habitualmente caracteriza a chamada telefónica para um serviço de emergência e que agrega à  descrição da situação as coordenadas de localização do utilizador, de forma a facilitar uma mais rápida assistência.
O protótipo desenvolvido pela UTAD, preparado inialmente apenas para ser utilizado no Windows Phone, mas que pode ser “facilmente adaptado para o iPhone ou para o sistema Android”, permite assim que todo o processo de pedido de ajuda possa ser concluído de forma muito rápida. Dependendo da situação a reportar,  poderá demorar entre alguns segundos e um ou dois minutos.
Benjamim Fonseca realçou que esta aplicação pode ser “particularmente útil para surdos”, visto que recorre apenas a pictografias que simbolizam os aspectos a relatar, mas também para “pessoas em estado de choque ou para idosos, que por vezes têm dificuldade em articular conversas e explicar as situações que pretendem descrever”.
Além disso, apresenta a mais-valia de ser sujeita a um registo do utilizador, para que o Sistema Nacional de Emergência saiba quem está a emitir o pedido de ajuda, “o que minimiza os falsos alarmes que muitas vezes ocorrem na linha do 112”, frisou o investigador da UTAD.
Para já, este sistema ainda não se encontra disponível para utilização pública, pois “tal vai depender das negociações encetadas com o Sistema Nacional de Emergência”, referiu Benjamim Fonseca, acrescentando que “este primeiro protótipo pretende apenas validar a sua aplicabilidade”. Contudo, durante o dia da sua apresentação, vão ser encenadas diversas situações de emergência por alunos da UTAD, sendo convidados os transeuntes a testarem a aplicação num telemóvel e a certificarem-se da sua utilidade.