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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Universidade de Évora aposta em carvão de corti

A Universidade de Évora foi pioneira na transformação de desperdícios de cortiça em carvão activado, material de carbono com inúmeras aplicações, e quer agora criar um produto específico, superior ao comercial, capaz de interessar o mercado.“O mercado está cheio de materiais nesta área e a grande vantagem” para atrair a indústria “será encontrar um material que se distinga dos outros”, afiançou hoje à Agência Lusa Paulo Mourão, da academia alentejana.

O investigador do Centro de Química de Évora revelou ser essa a linha da investigação em curso. Criar um carvão activado a partir de cortiça com
“um desempenho diferente do clássico em relação a determinado poluente ou molécula”.  “Aí, abre-se um nicho de mercado e é nisso que estamos a trabalhar, tentar encontrar um casamento mais forte e duradouro do que aquilo que existe entre um dos nossos carvões activados e determinada molécula”, disse.
O Centro de Química de Évora acumula, há mais de 20 anos, experiência na área dos carvões activados. Com a tese de doutoramento de Paulo Mourão, num trabalho entre 1998 e 2006, a academia foi pioneira na sua obtenção a partir da cortiça.

A cortiça juntou-se, então, ao leque de materiais precursores que, mediante processos químicos e físicos, origina carvão activado, como recursos naturais (subprodutos agrícolas), produtos sintéticos (polímeros) e resíduos industriais. Este material é capaz de absorver (reter substâncias de um fluído na sua superfície sólida e volume poroso acessível) moléculas diversas, poluentes ou outros compostos e tem aplicações cada vez mais variadas.

 “As mais conhecidas”, realçou, são nos tratamentos das águas residuais ou potáveis, gases, zonas poluídas e também em células de combustível das pilhas de armazenamento de energia dos carros de nova geração. Mas está também presente no dia a dia, com aplicações “mais básicas”, nomeadamente para “combater” odores, como nas palmilhas dos sapatos e em vários tipos de filtros, do frigorífico ao exaustor ou ao ar condicionado.

A nível mundial, o consumo de carvão activado
“chega hoje às megatoneladas”, mas, em Portugal, referiu Paulo Mourão, “não seriam viáveis” os custos da produção em larga escala do produto. Sobretudo recorrendo à cortiça, cujos desperdícios originam vários subprodutos comerciais.“Será complicado, porque há outras fontes no mundo e a indústria não está localizada em Portugal”, disse. Mas a situação pode alterar-se, caso o investigador obtenha um produto muito específico e superior ao comercial, que seria rentável. Aí, assegurou, poderia despertar o interesse do agricultor que possui uma área de montado, abundante no Alentejo, e até o “apetite” da indústria da cortiça, oferecendo-lhe um novo encaminhamento para os desperdícios.“Estamos a trabalhar nessas áreas, vamos testando os nossos materiais. Em determinadas condições, parece-nos que será possível preparar materiais com características acima das normais”, limitou-se a desvelar, para já, Paulo Mourão.

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